Iniciativa no ABC paulista faz
funcionários públicos refletirem sobre o papel do homem na sociedade, a busca
por tratamento igualitário e combate à violência contra a mulher.
Na semana em que se
comemora o Dia Internacional da Mulher, uma iniciativa do Consórcio
Intermunicipal Grande ABC, que faz parte do plano de ações de combate à
violência contra a mulher, criou turmas formadas exclusivamente por homens,
funcionários públicos, para discutir questões como a reprodução da ideologia do
machismo, a homofobia e a violência doméstica.
Ao todo, serão 18 encontros, um
por semana, mediados pelo psicólogo e sociólogo Flávio Urra, que mantém
expectativa positiva, mas, também, reconhece certa resistência da parte de
alguns homens: "Eles têm uma certa resistência quando a gente começa a
falar da perda de privilégios, que a gente identifica que o homem tem esse
privilégio de chegar em casa e ficar no controle remoto, sem precisar fazer
nenhuma tarefa doméstica; o privilégio da liberdade sexual, de ganhar maiores
salários. Uma série de privilégios que são dados ao homem e que a gente
questiona", falou à equipe de reportagem do Seu Jornal, da TVT.
Para o participante Laurindo Cândido
de Oliveira, da Coordenadoria de Igualdade Social de Mauá, o curso ajuda a
questionar e refletir sobre o papel do homem, de estereótipos historicamente
construídos, sobre a compreensão de "que ser homem é bater na mulher, por
exemplo, ser inflexível, bater nos filhos, ser violento em casa, e não é isso.
Por isso, é uma questão que precisa ser trabalhada urgentemente”.
O educador social João Batista,
interessado pelo tema, comemora a iniciativa: "A expectativa era muito
grande para que ocorresse, aqui no ABC, um curso que pudesse nos capacitar para
a gente poder prestar melhores serviços para a sociedade nessa questão do
enfrentamento da violência”.
Também nesta semana, a Câmara dos
Deputados aprovou o projeto de lei que
classifica o feminicídio como crime hediondo, quando o assassinato da mulher é
motivado pela questão de gênero. Os que incorrerem no crime terão de cumprir
pena em regime fechado e podem pegar de 12 a 30 anos de prisão, a depender dos
agravantes, caso seja perpetrado contra gestantes ou menores de 14 anos.
Feminicídio passa a ser considerado crime hediondo
Para Flávia Bigai, integrante da
Marcha Mundial das Mulheres, além do endurecimento das penas, o projeto é
importante para "desnaturalizar" a violência contra a mulher, mas
também cobra que a questão não seja tratada apenas como caso de polícia, mas
por meio de políticas preventivas, como campanhas de conscientização nas
escolas.
Fonte:
http://www.redebrasilatual.com.br/
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