Muitas mulheres confundem fofura
com fraqueza, mas não é o caso.
Por IVAN MARTINS
Faz algum tempo que eu não ouvia
essa frase terrível, mas ela reapareceu no meio de uma conversa telefônica.
Pergunto a uma amiga como vai o namoro dela e vem a resposta, despreocupada:
“Acabou. Ele é fofo, mas não rola”. Não perguntei detalhes e ela não ofereceu
nenhum, mas, na minha cabeça, formou-se, nitidamente, a imagem de um sujeito
sorridente, com cara de bobo, sendo ignorado por minha amiga entediada. Um
fofo, mas não rola.
É por causa de julgamentos como
esse que muitos homens acham que é bom agir mal com as mulheres. Elas não
gostam dos caras doces, dizem. Quanto mais legal você for, mais você se ferra.
Não adianta ser gentil e amoroso, porque não é isso que elas procuram.
A cultura do vestiário masculino
ensina que mulher gosta de homem que a trate mal, ou, pelo menos, que a deixe
confusa e expectante. Um cara atencioso e dedicado, que exiba sentimentos por
ela, é um fofo - mas com ele não rola.
O que vocês acham dessa conversa?
Eu acho um mar de equívocos, de lado a lado.
Primeiro, acho que algumas
mulheres confundem homem fofo com homem bundão e indeciso, sem opinião e sem
atitude. Mas fofo, tal como eu entendo, não é isso. Fofo é o cara que prepara o
café da manhã, que telefona para dizer que adorou a noite, que compra entradas
para o show que a namorada gosta com um mês de antecedência. O fofo faz
comidinhas, escreve poesia, chora na parte triste do filme. Mesmo quando discorda
de você, quando você fez algo que ele não gosta, ele tenta explicar o problema,
não berra. O fofo não gosta de briga — nem com você, nem com o garçom, nem com
o cara que fechou o carro dele. Ele é afável de temperamento, um cara doce,
talvez um pouco carente. Mas não é um bundão.
Um amor depois do outro - Ivan
Martins (Foto: Divulgação)
Bundão é o sujeito que mal
consegue cuidar de si mesmo, e por isso se trata as mulheres da vida dele como
se fossem a segunda mãe. Os bundões não propõem nada, porque esperam que alguém
tenha ideias e iniciativa por eles. Eles não têm opinião, não assumem
responsabilidade e não fazem planos para hoje à noite, nem para o fim de ano,
nem para o resto da década. Pensar e tomar iniciativa exige demais deles.
Como se sente fraco, sem muito
que oferecer, o bundão vive com ar de quem pede desculpas — pelo pau que não
subiu, pelo fim de semana que foi chato, pelo falta de grana, de ideias, de
empolgação e de atitude. As gentilezas, no caso dele, sempre parecem
exageradas, porque são tentativas de compensar suas insuficiências. O bundão
pode ser fofo de vez em quando, mas não é isso que o define.
Minha impressão é que homens e
mulheres confundem esses dois personagens inconfundíveis.
Os homens não querem parecer
bundões, mas tomam atitudes que evitam que pareçam fofos. Agem de forma rude em
relação às mulheres, escondem seus sentimentos, não praticam as pequenas
gentilezas naturais que fazem bem ao relacionamento. Tentam parecer desapegados
em relação a elas, porque acham que demonstrar carinho os enfraquece. Mas isso
tudo é uma bobagem, não?
O cara pode ser atencioso com a
mulher e cobri-la de pequenos cuidados e gentilezas. Elas gostam. Pode tratá-la
com carinho, dentro e fora da cama. Elas curtem. Não há nada de errado em se mostrar
sensível nos filmes, nas conversas, nas situações emocionais. As mulheres
adoram essas fofuras. Elas não diminuem a pegada de ninguém.
O que não querem é um sujeito
permanentemente inseguro e indeciso, que pareça precisar delas para cuidar e
decidir tudo. As mulheres detestam a sensação de que são mães dos homens com
quem se deitam. Elas não toleram bundões, mas curtem fofos — embora, às vezes,
também costumem confundir um com o outro.
Ao conversar com uma mulher que
dispensou um “fofo”, é muito comum descobrir que ela, na verdade, botou para
andar um “bundão” — que se escondia por trás de atitudes fofas. Era
supercarinhoso, mas incapaz de decidir qualquer coisa que envolvesse os dois.
Bundão. Não parava de dizer que adorava ela, mas não conseguia tomar uma
iniciativa para arrebatá-la. Bundão. O sexo era gostosinho, mas o sujeito
parecia estar pedindo desculpas ao pegar no corpo dela. Bundão.
Depois de um tempo nessa dieta
sem calorias, a mulher perde a paciência para as coisas bacanas que o cara faz
— as músicas que ele grava, o café que ele prepara, os carinhos sexuais que ele
oferece sem pressa. Quer dizer: o cara perde o posto não por ser fofo, mas
apesar de ser fofo. A fofice dele era a parte boa.
Veja bem: se a mulher precisar de
um cara que cuide, proteja, domine e intimide, talvez um fofo não sirva. Talvez
seja o caso de procurar alguém com repertório mais de raiz. Está cheio deles
por aí. Rude, em vez de fofo. Dominador, em vez de fofo. Distante, em vez de
fofo. É uma questão de escolha e de inclinação pessoal. A gente não responde
inteiramente pelo que nos provoca desejo e conexão emocional. Os fofos podem
ser parecidos demais com as próprias mulheres para o gosto de algumas delas.
Entendo, mas minhas simpatias se inclinam pelos fofos.
Acho que o mundo está mudando na
direção deles. Assim como as mulheres no século XXI podem exibir a paleta
completa do seu temperamento — em vez de serem apenas mulherezinhas doces e
maternais –, também os homens ganharam espaço para serem mais do que machos.
Eles podem ser gentis, sensíveis, amorosos, até um pouco carentes. Fofos,
enfim, daquele tipo que rola.
(Este texto faz parte do livro UM
AMOR DEPOIS DO OUTRO)
Fonte: Revista Epoca
AAAAAH MAS QUE TEXTO DE MERD4
ResponderExcluirCOISA DO DEMONHOO
Espero que a vida lhe puna esse lado arrogante com coisas como desemprego, doença e problemas financeiros. Não que eu te deseje o mal, mas apenas para você aprender a tratar as outras pessoas.
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